abril 10, 2010

Vinde a mim as criancinhas, pois delas eu faço o meu reino !!!



Esse poderia ser, porque não, o jargão do meio publicitário e das grandes indústrias, cujo império possui os pais, em sua maioria, como os bobos da corte. No documentário de Estela Renner: Criança, a Alma do Negócio* (2008 - 49 min), há a abordagem reflexiva e objetiva, de como as propagandas atribuem ao produto, que tê-lo é Ser. E, para estar incluso na sociedade, você tem que ser congruente à maioria, que na verdade é a minoria. É o ilusório “poder igualitário”. Se amiguinha da fulana tem o mais novo lançamento da boneca da Barbie, a fulana também tem que ter a mesma boneca. Não importa, se os pais da amiguinha, ganham cinco vezes mais do que os pais da fulana. Ela, a fulana, simplesmente deseja estar dentro do contexto social, imposto por uma visão ideologicamente distorcida.

E como num conto de fábula, as indústrias perceberam que os ovos de ouro, realmente são os “filhotes”, que por sua vez, induzem aos pais, a fazerem parte do sistema. A questão não é apenas do ato do consumo, e sim, da utilização e da troca de valores. Um produto pode substituir o amor e a atenção? Será que há a necessidade de adquiri-lo dentro do contexto familiar? Essas questões foram muito bem retratadas pela cineasta.

Por estar quase que completamente fora da conjuntura do espectador, o meio de comunicação condiciona o consumidor há um processo de semi-consciência, que o convence a consumir aquilo que não precisa. Cria-se a ilusão de uma necessidade e, de certa forma, uma antítese da educação.

O direito da livre expressão está garantido na Constituição Federal, porém, grande parte das agências de publicidade, não deveria fazer da liberdade, uma libertinagem. E sim, estarem vinculadas, a ética dentro dos limites e atribuição de valores, se baseando na ótica social e legal, buscando assim, uma postura bilateral. Uma vez que, o resultado do trabalho exposto, poderá afetar há um grande número de pessoas e direitos, que possivelmente pode originar algum dano, seja de um individuo ou de um grupo.

No Brasil há o projeto de Lei 5921/2001 que restringe a publicidade direcionada para o público infantil, até a idade de 12 anos, o que causa grande debate entre as partes envolvidas. Através do site: www.criancaeconsumo.org.br, é possível denunciar qualquer abuso proveniente da comunicação mercadológica. Na Suécia, por exemplo, a lei de proteção às crianças, é bem mais rígida, proibindo a publicidade em horários, cuja programação é especifica, para esse público. Lei, aliás, imposta através de um plebiscito. O certo é que, os direitos da criança e do adolescente devem ser garantidos por toda a coletividade, pois é ela que define que tipo de sociedade, irá se obter no futuro.

O documentário choca principalmente às pessoas que não tem filhos, e, ou não convivem com crianças, pois demonstra como a maioria delas, são fúteis, superficiais, robóticas. Conhecem marcas de produtos, mas desconhecem nomes de verduras. Verdadeiros “Peter Pans”, às avessas, vivem na terra do sempre: Sempre consumir tudo que quiser. Mas o tudo é na verdade, o que um dos meninos retratou de forma tão singela. Diante de seu quarto repleto de brinquedos, o seu preferido é um bonequinho que cabe na palma de sua mão. Talvez, seja à maneira de como ele se vê, no mundo de fantasia que o cerca: pequeno e solitário.



* Documentário disponível no site: http://www.alana.org.br/